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domingo, 29 de janeiro de 2017

SÓ AQUI QUE EU TENHO PAZ

A roça é minha vida
Seu fruto é meu sustento,
Distante da minha terra
Confesso que não aguento.

Se um dia eu deixar a roça
Não vou ter felicidade,
Só aqui que eu tenho paz,
Não quero saber jamais
De ir viver na cidade.

Aqui eu planto e colho,
A terra produz dobrado,
Na cidade, o que eu preciso,
Tudo tem que ser comprado.

Aqui eu colho arroz,
Aqui eu colho feijão...
Pra cidade eu não mudo
Vou ter que comprar de tudo
O que aqui tenho na mão.

Eu já escutei falar
De um automóvel moderno
Com bancos aconchegantes
E muito espaço interno,

Mas, aqui é diferente,
A boa sela é quem manda.
O meu cavalo alazão,
Nas estradas do sertão,
Percorre as quatro bandas.

Me ofereceram dinheiro
Por minha paz e meu sossego,
Uma casa na cidade
E também um bom emprego,

Então eu falei na hora: 
―Escute meu cidadão,
O seu dinheiro eu não quero,
Fique com o seu castelo
Que eu fico com meu sertão.

Não posso deixar meu rancho
E a minha pesca de anzol,
Meu sabiá cantador
E a luz direta do sol,

Não posso deixar a lua
E nem meu céu estrelado.
Não troco o meu sertão
Por sua poluição
Nem que eu seja amarrado.

A coisa que eu mais gosto
É sentir a liberdade,
Cantar e correr pelos campos
Com grande felicidade,

Assim um dia eu nasci,
Assim eu quero morrer.
É só Deus chamar que eu vou
E a terra que me criou,
Então, irá me comer.

sábado, 21 de janeiro de 2017

ATIREI O PAU NO GATO

“Atirei o pau no gato,
Mas, o gato não morreu.
Dona Chica admirou-se
Do berro que o gato deu.”

O pobre do animal
Ficou todo espatifado,
Se arrastava pelo chão
Miando, desesperado.

Dona Chica, muito braba
Com a minha malvadeza,
Tentava agarrar o gato
Com a maior ligeireza.

Ela perguntou pra mim:
Seu malfazejo tirano,
Por que, que você fez isso
Com o pobre do bichano?

Vendo o coitado do bicho
Sofrendo daquele jeito,
Um remorso muito grande
Foi apertando meu peito.

Então, disse à dona Chica:
Já sei o que vou fazer,
Para evitar que seu gato
Venha, assim, a falecer;

Um animal inocente
Não merece esse fadário!
Vamos levar o bichano,
Logo, ao veterinário.

Dona Chica colocou
O animal numa sesta
E me disse desse jeito:
Vamos logo, sua besta!

Eu entrei no automóvel,
Dei partida no motor,
Saí cantando pneu
À procura do doutor.

Quando o homem viu o gato,
Tremeu e teve arrepio;
Nervoso, foi pro meu lado,
E, quase me agrediu.

Me falou, muito irritado:
Seu monstro sem coração,
O bicho não tem juízo,
Não merece punição!

Não sei se vou conseguir
Desfazer todo esse dano,
Nunca vi tanta maldade
Somente em um ser humano.

O doutor veterinário,
Logo, operou o gatinho,
Conteve as hemorragias
Com jeito e muito carinho.

Engessou suas patinhas
C’um talento sem igual,
Devolvendo a luz da vida
Aos olhos do animal.

Aplicou soro no bicho,
Fez todo o medicamento,
E, ele cuidou do gato
Até o fim do tratamento.

Com pouco tempo o bichano
Já corria pela casa,
Fazia suas gatices,
Parecia até ter asa.

Graças ao bom coração
De um homem sábio, de fato,
Que usou seu conhecimento
Pra salvar o pobre gato.

Na casa de dona Chica
Fui passear, outro dia,
Vi o bichano saudável,
Brincando com alegria.

Quase chorei de emoção
Quando avistei o gatinho,
Ele veio ronronando
E me fazendo carinho.

Esse fato me ensinou
O que é ser racional.
Nunca mais, em minha vida,
Eu maltrato um animal.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

LOUCA OBSESSÃO

Quantas lembranças eu trago no coração,
Do meu querido sertão
O meu mundo verdadeiro.
Da cachoeira de água pura e cristalina,
Daquela linda menina
Que foi meu amor primeiro.

Lindos momentos que marcaram minha vida:
A natureza florida
Exalando seus perfumes,
Relva molhada, no início do anoitecer...
Dava até gosto de ver
O brilho dos vaga-lumes.

De manhãzinha quando a gente acordava
O meu pai logo pulava
E corria p’ra ordenha.
Ao levantar, mamãe rezava com fé,
Depois fazia o café
Num velho fogão a lenha.

Tudo era lindo..., parecia um céu na terra!
O sol surgia na serra
Trazendo a luz do dia,
Os passarinhos formavam uma orquestra
E a natureza em festa
Me inspirava poesia.

Tudo passou, eu também evoluí,
Na cidade descobri
Um mundo tão diferente,
Até pareço não ser aquele matuto
Que domava bicho bruto
E se banhava na nascente.

Mas, aqui dentro, eu sou o mesmo caipira!
Rancho amarrado de embira
P’ra mim ainda é mansão.
Vou vender tudo o que eu tenho na cidade
E comprar a felicidade
Que eu deixei lá no sertão.

Troquei a roça pelo luxo da cidade,
Mas, hoje sinto saudade
E vontade de voltar.
Ah! Se eu pudesse voltar de novo ao passado
Não teria abandonado,
Jamais, aquele lugar.

Vim p’ra cidade p’ra cumprir o meu destino,
Mas, carrego no meu tino
Essa louca obsessão...
Sei que um dia vai apertar a saudade,
Então, eu deixo a cidade
E volto p’ro meu sertão.

sábado, 14 de janeiro de 2017

RECANTO DE BELEZAS


O entardecer na minha terra é tão bonito,
O sol entrando deixa o céu avermelhado.
E lá na mata os passarinhos vão cantando,
Anunciando mais um dia terminando.

E os desenhos que se formam pelo céu
Desaparecem parecendo uma miragem,
E lá no morro os derradeiros raios batem
Deixando ainda mais bonita a paisagem.

A minha terra é um recanto de belezas,
Onde as cores se harmonizam com a vida,
Sobre as flores, agitando suas asas,
As borboletas deixam a tarde colorida.

O sol se esconde a natureza então quieta,
E a noite escura cobre tudo com seu véu,
Na imensidão as estrelas manifestam
E a lua cheia surge iluminando o céu.

Os vaga-lumes deixam os campos cintilantes
E o sereno molha a relva sutilmente,
O vento sopra sacudindo as ramagens
Sem deixar dúvidas que Deus está presente.

Parece sonho, mas é a pura realidade,
Quando o sol vem surgindo na serrania,
O galo canta, no poleiro, anunciando
Que novamente está amanhecendo o dia.

Não tem saudade, não tem tédio, nem tristeza,
Esse lugar é mesmo cheio de alegria,
Onde os homens, contemplando a natureza,
Sempre viveram em perfeita harmonia.

ACRÓSTICO



Jogo duro, porém não trapaceio,
O homem deve ter honestidade!
Ser sincero em seu meio
É outra indispensável qualidade.

Manterei sempre na rota da verdade,
Ainda que com tal dificuldade,
Rumo à meta que almejo.
Contudo, na vil calamidade,
Os ventos cruéis da falsidade
Sopram contra as velas do desejo.

Por isso me tranquei no mar da vida.
Infeliz por naufragado estar,
Não ter porto onde ancorar...
Tenso, frio, perdido, sem saída...
Ostento ainda a coragem de continuar...