A roça é minha vida
Seu fruto é meu sustento,
Distante da minha terra
Confesso que não aguento.
Seu fruto é meu sustento,
Distante da minha terra
Confesso que não aguento.
Se um dia eu deixar a roça
Não vou ter felicidade,
Só aqui que eu tenho paz,
Não quero saber jamais
De ir viver na cidade.
Aqui eu planto e colho,
A terra produz dobrado,
Na cidade, o que eu preciso,
Tudo tem que ser comprado.
Aqui eu colho arroz,
Aqui eu colho feijão...
Pra cidade eu não mudo
Vou ter que comprar de tudo
O que aqui tenho na mão.
Eu já escutei falar
De um automóvel moderno
Com bancos aconchegantes
E muito espaço interno,
Mas, aqui é diferente,
A boa sela é quem manda.
O meu cavalo alazão,
Nas estradas do sertão,
Percorre as quatro bandas.
Me ofereceram dinheiro
Por minha paz e meu sossego,
Uma casa na cidade
E também um bom emprego,
Então eu falei na hora:
―Escute meu cidadão,
O seu dinheiro eu não quero,
Fique com o seu castelo
Que eu fico com meu sertão.
Não posso deixar meu rancho
E a minha pesca de anzol,
Meu sabiá cantador
E a luz direta do sol,
Não posso deixar a lua
E nem meu céu estrelado.
Não troco o meu sertão
Por sua poluição
Nem que eu seja amarrado.
A coisa que eu mais gosto
É sentir a liberdade,
Cantar e correr pelos campos
Com grande felicidade,
Assim um dia eu nasci,
Assim eu quero morrer.
É só Deus chamar que eu vou
E a terra que me criou,
Então, irá me comer.